sábado, 16 de julho de 2011

Tertúlia

          
 Ainda agora lembrei da palavra tertúlia. Sabia o sentido da palavra, mas não estava bem certo se era mesmo essa, afinal já não a pronunciava fazia tempo. Em princípio, pensei que eu estivesse confundindo-a com o nome de alguma planta, devido a semelhança, até que recorri ao "sensacional google".
( O que seria de mim sem essa ferramenta?) 
Tertúlia, segundo o significado do dicionário, quer dizer reunião de amigos.
Não lembro bem quando li ou escutei essa palavra pela primeira vez. Às vezes, acho que a li na bíblia. Mas não importa. O importante é que eu tirei a minha dúvida.
 
Nunca escondi a minha admiração pela turma dos anos  80. A minha base "cultural" vem toda daqueles artistas que encantaram multidões. Passei a minha adolescência todinha, curtindo esse pessoal. Chegava até rotulá-los de gênios, por tamanha criatividade.
 
O Roupa Nova nunca figurou entre as minhas bandas prediletas, mas sempre os admirei pelo enorme senso de união que eles têm. O que mais me impressiona neles, é saber que pessoas com pensamentos tão diversos, e num meio que envolve vaidade, disputa de egos, inveja e tantas mazelas, conseguem estar juntas por mais de 30 de anos. Chego a dizer que eles são uma tremenda virtuose.  Isso é que é uma verdadeira tertúlia.


Outro grupo surpreendente são os Titãs. Não dá para acreditar que um conjunto totalmente louco, formado por  8 pessoas (na época), consegue se interagir e ficar junto por tanto tempo. É bem verdade que Nando Reis e Arnaldo Antunes saíram da banda, mas acredito que sem nenhuma rusga, pois, volta e meia, estão mantendo contato. Mas, independente disso, os remanescentes estão juntos por mais de 25 anos.


 Barão vermelho também tinha tudo para ter uma vida longa, mas, infelizmente, Cazuza resolveu sair da banda de uma forma nada amigável, deixando Frejat tocar o barco para frente com os outros integrantes.  Houve um desentendimento sério entre eles, mas acabaram retomando a amizade, e até voltaram a tocar juntos, em algumas participações. 

 
 Fato que não aconteceu com o grupo IRA! que teve um tremendo "barraco", digamos assim, com direito a processo na justiça e tudo o mais. E olha que os caras ficaram juntos por pelo menos 25 anos!


Confesso que apesar de ter feito um sucesso estrondoso, o RPM também não era das minhas bandas prediletas. Esses, para variar, também tiveram uma briga feia. E os ingredientes principais do atrito são sempre os mesmos: drogas, vaidade e falta de maturidade para suportar a pressão da evidência. Mas mesmo com todos esses problemas, pelo menos, havia amizade entre eles, fator determinante no retorno deles. 



Já o meu conjunto predileto, Engenheiros do Hawaii, não teve a mesma sorte. Eles eram um trio formado por Augusto Licks na guitarra; Carlos Maltz na bateria; e Humberto Gessinger no contra-baixo e voz. A briga foi feia. A verdade é que Carlos e Humberto não estavam mais se entendendo com o Augusto. Então, praticamente, o expulsaram da banda. Augusto, para resguardar os seus direitos, pelas costas, registrou o nome da banda para si, gerando um atrito com proporções continentais. Depois que a situação esfriou, Carlos até tentou uma aproximação, mas, Augustinho, não se mostrou maleável. Pelo que me consta, ele foi muito humilhado pelos dois. Daí, tamanho rancor.
Esse trio fez história. Até hoje, eu sonho com o retorno deles.




Essas intrigas sempre me inquietaram. Saber que pessoas da minha admiração estão em litígio, me deixa muito entristecido. Acho isso uma tremenda palhaçada. É que eu sou uma pessoa extremamente essencialista. Vale o que veio primeiro. Por que não deixam o orgulho, a mágoa de lado, e voltam a se falar? E quem sabe, até tocar juntos de novo. Os fãs agradeceriam muito.
 
Espero que um dia, grupos como o IRA! e os Engenheiros do Hawaii, que  embalaram a minha adolescência com as suas melodias,  entendam, rapidamente, o verdadeiro significado da palavra tertúlia, para que possam conviver harmonicamente nesse mundo tão conturbado.