domingo, 29 de dezembro de 2013

Santo revés



Depois de um 2013 conturbado, eu estava caminhando para um final de ano sem muitos alardes. Porém, como alegria de pobre dura pouco, acabei tomando um revés nesta última sexta-feira, dia 27 de dezembro.

Na ocasião, eu estava jogando xadrez com dois amigos num boteco de esquina, quando uma criatura abominável dos bares da vida, do alto de seus quase 60 anos de indiscrição, começou a me questionar por que eu estava solteiro. Eu disse que era por opção e que não tinha aparecido a pessoa certa. Então, o malfadado sujeito não aceitou a tal condição, achando um absurdo e até duvidando da minha sexualidade, fato que me deixou muito constrangido, pois também me expôs diante das pessoas que estavam ao meu redor. Depois, com a cara mais deslavada do mundo, falou que não teve a intenção de me constranger. Enfim, é um bigorrilhas mesmo.

O que me indigna é essa ditadura emocional que nos cerca. Será que não temos o direito de ficarmos sós? Por que esse espanto todo? Claro que eu quero alguém! Esse tipo de situação me incomoda, mas não é o fim do mundo. Espero, no momento oportuno, encontrar uma pessoa bem legal para eu dividir as minhas emoções.

Também, nessa mesma semana, um amigo do trabalho ficou me interpelando por que eu não me relacionava com fulana. (de novo a tal da ditadura emocional) Eu disse que não sentia nada a mais por ela devido a vários motivos. Ele ficou perturbado com a minha resposta, dizendo que todas as mulheres são iguais e que não podíamos ficar escolhendo muito. Eu continuei fazendo os meus argumentos, mas como percebi que ele se mantinha inflexível nos seus pensamentos de “pegar todas”, gostando ou não, resolvi mudar de assunto. 

Infelizmente, existem muitas pessoas penando em seus relacionamentos por conta de uma má escolha. Esse próprio amigo que ficou me sabatinando no trabalho vive se queixando da esposa para mim.
Não é assim que a vida sentimental funciona. Devemos sempre analisar bem com quem queremos iniciar um caso, um romance ou seja lá o que for, para mais tarde não se arrepender.

Pensando bem, até que foi bom esses episódios terem acontecido comigo, pois valeu para eu repensar a minha vida e não ficar frequentando certos ambientes.

A bruxa (Carlos Drummond de Andrade)

Nesta cidade do Rio,
de dois milhões de habitantes,
estou sozinho no quarto,
estou sozinho na América.

Estarei mesmo sozinho?
Ainda há pouco um ruído
anunciou vida ao meu lado.
Certo não é vida humana,
mas é vida. E sinto a bruxa
presa na zona de luz.


De dois milhões de habitantes!
E nem precisava tanto…
Precisava de mulher
que entrasse neste minuto,
recebesse este carinho,
salvasse do aniquilamento
um minuto e um carinho loucos
que tenho para oferecer.


Em dois milhões de habitantes,
quantas mulheres prováveis
interrogam-se no espelho
medindo o tempo perdido
até que venha a manhã
trazer leite, jornal e clama.
Porém a essa hora vazia
como descobrir mulher?