Mata fechada, tempo quente e úmido,
bichos peçonhentos, insetos, e você sentado em uma rocha. Como nativo isolado,
ouve cascata ao longe, o grito dos macacos e nada mais. Olha para o céu, e
árvores centenárias encobrem sua visão. Para os lados, e mais ninguém.
(Ana
Cecília Romeu)
Foi
assim, como um índio selvagem, que eu me senti quando fiz a trilha do Mendanha,
rumo a uma cachoeira. Foram mais ou menos 50 minutos de caminhada, isolado de
tudo e todos, embrenhado na mata, morro acima.
A
vontade de chamar aquele lugar de “meu” é muito grande. Porém, não posso. Seria uma
traição. Explicação? Simplesmente porque ele pertence a uma amiga minha.
Ali, com direito a registro em cartório, é uma propriedade exclusiva dela. Ela é dona de tudo. Foi ela quem me apresentou aquele pequeno pedaço do paraíso. Então, eu posso dizer que fui um acompanhante privilegiado, um expectador embevecido por uma beleza natural ímpar.
Ali, com direito a registro em cartório, é uma propriedade exclusiva dela. Ela é dona de tudo. Foi ela quem me apresentou aquele pequeno pedaço do paraíso. Então, eu posso dizer que fui um acompanhante privilegiado, um expectador embevecido por uma beleza natural ímpar.
Segunda-feira
passada, no segundo dia de inverno (ironia), eu separei para ir à praia de
Ibicuí. Esse, sim, um lugar que eu posso chamar de “meu”. É ali que eu gosto de
me refugiar, espairecer. E estava exatamente como eu gosto: poucas almas vivas
ao redor. Ou seja, uma faixa de areia inteira só para mim. Já ia me esquecendo de dizer: apesar de estarmos na estação mais fria do ano, a água do mar estava ótima.
Existem outros lugares em que eu me sinto dono de direito e de fato. Digo assim, com pompa de exclusivista, porque na maioria das vezes, a única testemunha ocular do meu enlevo era minha solidão.