Eu
poderia dizer que tudo é uma questão de idade, mas não é. O fato é que de uns tempos
para cá, dei para esquecer o nome das pessoas.
Mas
para isso, eu tenho uma desculpa: são amizades de 15 ou 25 anos atrás, que já
não tenho mais convivência. Então, haja memória! O curioso é que a fisionomia dificilmente eu esqueço.
E
hoje aconteceu de novo. Mais uma vez me deu um branco quando eu vi uma colega
do tempo de escola andando na rua. O engraçado é que eu nunca tinha esquecido o
nome dela. E
olha que desde que nos separamos daquela época discente, raramente a vi. Nunca
trocamos um “oi”, pois sempre que me deparei com a sua presença, estávamos bem distantes um do
outro. Então, lá do meu posto de observação, eu pensava cá com os meus botões:
Ali, vai fulana. Aquela que eu tinha uma certa quedinha.
Sabe
aquela de “está na ponta língua”? Pois nem isso havia na minha sina de esquecido. Deu um branco total.
Comecei a puxar lá do fundo das reminiscências mais longínquas, mas não vinha nada. Eu só sabia que o
nome dela não era muito comum e que talvez fosse indígena. Por conta disso, quase desisti de ficar martelando na mente a lembrança daquela moça. Porém, como eu sou teimoso, no
caminho de volta para casa, continuei buscando no baú dos tempos idos. Sem falar que, àquela altura, já era uma questão de honra, haja vista que sempre que isso acontecia, eu conseguia trazer à tona. Até que me veio um
nome: Jacira! Recordei! Ufa! Eu sabia que a minha memória não iria me deixar na
mão, pensei, para momentos depois, voltar a ficar com dúvidas. Enfim, acabei
apagando essa certeza absurda da minha convicção. E ainda bem! (Mulher nenhuma merece ter nome de Jacira) Já pensou se eu coloco
essa questão como fechada?
Cheguei
em casa todo desanimado. Pela primeira vez estava me dando como vencido pelo
lapso da memória. E depois de fazer um lanche, liguei o computador e fui direto
para a rede social. De repente, eu vi uma postagem da Soraia Santos, uma também
amiga dos tempos de escola. Semelhança das duas? Apenas o fato de serem
morenas. Mas daí veio a centelha que faltava para clarear o breu que se
encontrava na minha mente: Guacyra! Esse era o nome! Que alívio! E hoje vou
dormir em paz.