São inegáveis os
benefícios que o Google proporciona. Basta querer lembrar de algo que o dito
cujo dedura na hora. Tudo está ao poder de um simples click. Que bom se na
vida real também fosse assim. Daria uma tremenda segurança, pois o tão tradicional
“deu um branco” não nos atormentaria mais. Mas que graça teria? A graça é ficar
martelando o dia inteiro, até a mente sair do breu. Depois, a sensação é de
alívio e de dever cumprido.
Outro dia, eu me lembrei
de uma festa. Para falar a verdade, eu não tinha muita certeza se está festa
realmente tinha acontecido. Talvez fosse apenas uma impressão. Isso já
aconteceu uma outra vez. E desse acontecido, eu não tenho certeza mesmo! Até
hoje me pego tentando reconstituir algo que nem sei se existiu. Às vezes, penso
que foi um sonho. E se fosse, não seria absurdo nenhum, tamanha a sua
impossibilidade.
Como tudo está muito
subjetivo na minha mente, vou relatar como se realmente o fato tivesse
acontecido. Isso foi há muitos anos atrás, por isso a dificuldade de se
organizar os detalhes. Na ocasião, eu tinha ido à praia com dois ou três amigos
do trabalho. Não lembro ao certo quem eles eram, mas tenho uma vaga suspeita
que um deles era o Alexandre, um sujeito muito gente boa. Estávamos na maior
curtição, até que uma grata surpresa nos ocorreu. Se eu dissesse que tínhamos visto
uma sereia, também não seria absurdo algum. Mas vimos algo muito melhor que uma
sereia. Nós vimos a Ana Paula! Algo totalmente improvável estava diante dos nosso
olhos. Quando que uma mulher daquele quilate ficaria sozinha, deitada na areia?
Geralmente, essas beldades estão sempre acompanhadas de algum sortudo. Mas era verdade: ela estava ali para o deleite
dos nossos olhos.
A Ana Paula era uma espécie de
musa da loja em que eu trabalhava. Todos ficavam babando quando ela desfilava no grande salão do estabelecimento, exalando beleza por todos os poros. Lembro que quando a vi deitada na areia, fiquei pensando: "Ela mora bem longe. O que levaria uma pessoa vir para uma praia tão distante?"
Na hora, uma imagem ficou bem marcada na minha mente: Alexandre jogando areia
na barriguinha da Ana Paula. Isso para mim, foi uma atitude de uma tremenda
ousadia. Ou seja, tudo muito surreal.
Eu fiquei trabalhando
nessa loja por quase dois anos. Ali, fiz ótimas amizades. E com Ana Paula, não foi
diferente. No início, quando cheguei nesse trabalho, ela ficou pegando no meu pé,
fazendo piadinhas, fato que fez eu ter certas reservas em relação a ela. Não era para menos, pois logo de cara me colocaram um apelido. Explica-se o epíteto:
o meu cabelo parecia uma juba. (por questões de privacidade, não vou revelar o apelido) Daí, para o tal apelido, foi um passo. Porém,
conforme eu fui conquistando a amizade de todos, eles pararam de me alfinetar,
inclusive a Ana Paula, para alegria total e geral do meu ser.
Existe uma máxima que diz: Não se vai mexer com alguém que não
é do seu interesse, não é? Juntando aquelas alfinetadas que eu recebia da Ana Paula com outras que eu já recebi por aí, eu comecei a defender essa tese. E até tenho dois exemplos bem característicos: Lá pelos meus 12 anos de idade, havia uma garota
na minha sala que vivia me achincalhando. Na época, devido a minha falta de
malícia, eu não percebia nada. Hoje, com certeza, eu digo que ela tinha uma
“quedinha” por mim. Nesse mesmo colégio, agora, então, com 15 anos, uma outra
menina também ficou mexendo comigo. O fato de eu ser uma pessoa muito
introvertida contribuía para tal. Só que, dessa vez, eu percebi: ela, realmente,
tinha um fetiche pela minha pessoa. O problema era que, além de eu ser muito
tímido, eu achava que ela era muita areia para o meu caminhãozinho. E, de fato, era
mesmo! Ela até lembra um pouco a Viviane Araújo. Sem exageros: muito melhor
que a Viviane Araújo.
Em relação a Ana Paula, pelo
fato de, na época, eu ter uma certa admiração por ela, poderia se dizer que era
apenas uma impressão de algo que nunca acontecera. Mas na minha concepção, não.
Por trás daquelas piadinhas que ela fazia nos degraus que davam acesso ao estoque da loja tinha alguma coisa. E isso não era como o episódio da praia,
que até hoje eu não sei se foi sonho ou realidade. Até o próprio Leandro, um
grande amigo meu, dessa mesma loja, que dera uns “amassos” na Ana Paula, numa pulada
de cerca (o Leandro era noivo), uma vez me disse que se eu quisesse dar uns
“pegas” nela, daria perfeitamente. E isso só fez eu reforçar a minha teoria: por detrás de uma chacotinha, sempre tem um
palpitar de coração.
Voltando à festinha. Sem
precisar do auxílio do sensacional Google, eu me lembrei de tudo. Foi por
etapas. Primeiro, eu me certifiquei que a festa, de fato, existira; depois, eu
consegui recordar o local da festa; em seguida, consegui visualizar na mente a
fisionomia da anfitriã da festa, fato que eu não estava conseguindo fazer. Já o
nome da moça... aí já é exigir demais da minha memória. Afinal, eu não sou
nenhum programa de computador.
Obs: para preservar a integridade moral dos participantes deste texto, todos os nomes foram trocados.
Obs: para preservar a integridade moral dos participantes deste texto, todos os nomes foram trocados.