quarta-feira, 8 de abril de 2015

Secador, maçã e lente



Estou de férias! Até aí, nada demais, pois é algo normal na vida de qualquer simples mortal. A diferença é que dessa vez eu estou com uma vontade muito grande de passear por aí, conhecer novos lugares. Estou cheio de planos, e o que é melhor: plenamente motivado. Enfim, fato que não acontecia das vezes anteriores. 

Geralmente, nas férias, eu vou para Brasília. Adoro aquele lugar. Sua arquitetura e suas avenidas com nomes de W3 sul, W3 norte, L2 sul e norte me fascinam. Sem falar que elas são extremamente arborizadas. O problema é que o meu irmão que morava lá se mudou para Manaus. Então, resolvi não viajar. (Manaus ninguém merece.) Até tinha a opção de ir para Recife, a convite de uma prima que é de lá, a Valéria. Futuramente, eu prometo que vou, pois quero manter esse vínculo familiar e conhecer Porto (bah! trilegal!) de galinhas. Poderia até ir para Porto Alegre, afinal, eu também tenho família por aqueles lados. Vou parar por aqui, porque senão, daqui a pouco, eu estou viajando o Brasil inteiro.

  
Livre nas minhas divagações e sem camisa para me proteger do frio cortante que vinha das cachoeiras do Mendanha.
E é sempre esse “Divagar é preciso” pelas minhas andanças.


Hoje, para mim, foi um dia especial. Dando início à jornada de passeios, fui convidado por uma amiga para ir conhecer as cachoeiras do Mendanha. Confesso que fui a contragosto. (detesto água gelada) Eu queria ir à praia! Fui voto vencido. Fazer o quê? Próxima parada: cachoeira do Mendanha. Porém, ainda tenho a esperança de convencê-la a dar uns mergulhos na qualidade do que é salgado e infinito: o Mar. Já até pensei em oferecer propina. Seria em vão, pois chocolate e sorvete, ela não saboreia mais. Então, vamos para o plano B: cerveja! Me aguarde.

Como eu disse antes: fui a contragosto. Só que o meu descontentamento durou até o exato instante que eu dei o primeiro passo na trilha. Dali em diante, foi só encantamento. Foi bom demais!

Abaixo, tentei relatar, através de uma poesia, como foi a nossa caminhadinha, com direito a um tombo histórico que eu levei e ao salvamento providencial de um celular  fujão que queria dar um mergulho profundo na cachoeira do Mendanha.

Esqueci de dizer: depois de beber daquela água, que não tem nada de insípida, pois tem sabor de vida, eu voltei mais jovem de lá. 




A trilha do Mendanha

A nossa trilha merecia alguns versos.
Mas, de repente, não.
Enfim, para quê palavras expansivas, se tudo ao redor
já era poético por natureza?
Havia a elegância dos esquilos pulando de galho em galho.
Sim, também existia o medo de cobras.
Porém, era um sentimento que só servia para ilustrar ainda mais a nossa aventura selvagem.
Sem falar de borboletas azuis que voavam suavemente ao nosso redor.
E o ar?
Esse, de tão puro, passeava contente por entre nossos pulmões.
Ao longe, o som das águas vindo do infinito das cachoeiras fazia aumentar ainda mais a nossa ansiedade. 
Caminhamos? Trilhamos? Não sei ao certo o que fizemos, de tão eufóricos que estávamos. 
Ao findar da caminhada que fizemos com passos comedidos, no afã de manter o corpo e o espírito em perfeito equilíbrio, nos deparamos com o que os nossos olhos mais desejavam, pois sabíamos que aquelas águas cristalinas só podiam estar vindo de um lugar chamado... chamado... Sonho!
Depois, com a sensação de uma criança  que acaba de ganhar um presente, aconteceu o contato sublime com o que existe de mais natural na face do Planeta: a água.  
Primeiro, um pé, depois o outro, só para  ter uma ideia da temperatura.
Mas que água congelada!
Cadê a coragem de dar um mergulho?
Até que enfim mergulhamos, para logo em seguida, descobrirmos que aquela água gélida deixara os nossos corações renovados e aquecidos para sempre.