sábado, 22 de setembro de 2012

Raquel Gervazoni



Acordei nesse primeiro dia de primavera com uma esperança brotando dentro de mim. Independente de ser uma mudança de estação, que deu o ar de sua graça às 11h49min, eu queria muito passar o sábado com o mesmo “élan” dos últimos dias de inverno. Principalmente para espantar o estresse que me pegou ao levantar da cama.

Depois de tomar o café da manhã e dar uma lida rápida no jornal, eu abri a janela do meu quarto e vi uma manhã chuvosa. Quando eu me deparei com esse cenário liquefeito, não pensei duas vezes: rapidamente separei aquele jeans mais surrado do meu guarda-roupas e fui ganhar o mundo lá de fora. Loucura? Não. O nome disso é prazer. Eu adoro andar por aí em dias chuvosos. E se a chuva for morna, como diria Herbert Vianna, eu fico mais feliz ainda.

Inicialmente, fui para o centro de Campo Grande. A minha idéia era comprar uma bolsa para mim. Passei por duas lojas, mas não vi nenhuma que se enquadrasse dentro do que eu queria. Para falar a verdade, até vi, mas o preço não era nada convidativo. Por isso, resolvi apenas ficar andando sem um destino definido.

Lá pelas tantas, depois de dar uma boa caminhada pela Rua Viúva Dantas e o calçadão da Coronel Agostinho, decidi voltar para casa. Quando eu estava prestes a embarcar no ônibus 822, aquele estresse do início da manhã veio me incomodar de novo. O que fazer para exorcizá-lo? A solução foi  bater mais pernas por aí. Isso é um santo remédio. Saí dali, peguei o trem e fui direto para  Bangu.

Para mim, é sempre um prazer ir a Bangu. Gosto muito de ficar vendo os aposentados jogando damas nas mesinhas do calçadão da Av. Cônego Vasconcelos. Mas, dessa vez, apenas dei uma passada rápida por ali. Como eu ainda estava querendo comprar uma bolsa, fui ver se a encontrava nas lojas do Shopping Bangu.

Infelizmente, eu não estava com sorte. Passei por diversas lojas, mas não encontrei nenhuma bolsa que me agradasse. Como já eram mais de doze horas, portanto, já dentro da primavera, eu dei uma parada para almoçar no “Girafas”. A comida de lá não sustenta muito, mas pelo menos é uma alternativa para dar uma tapeada no estômago.

Feito o meu pedido, eu fiquei preocupado com o lugar que eu iria me sentar, pois as mesas da praça de alimentação, praticamente, estavam todas ocupadas. Assim que peguei o meu prato, eu avistei uma mesa vazia bem lá no fundo. Mais que ligeiro, eu me encaminhei para lá, sem saber que uma surpresa muito agradável me aguardava.

Esse tipo de situação já aconteceu comigo três ou quatro vezes. Ou seja, por acaso, andando por aí, eu encontrei uma pessoa muito querida por mim, fato que deu  totais razões aos versos do poetinha Vinícios de Moraes:


“A vida não é brincadeira, amigo
A vida é arte do encontro
Embora haja tanto desencontro pela vida”

Como isso é verdade! Eu tirei a prova disso quando, enquanto estava almoçando, me deparei com a... sensacional Raquel! Quem diria que eu iria encontrá-la  num local tão distante de onde nós moramos? Que surpresa boa!

A Raquel é uma das melhores amizades que eu tenho. Para completar a minha satisfação, ela estava com a sua filhinha Emily, uma “graxinha” de menina. Almoçamos e depois fomos dar um giro pelo shopping. E tome conversa!
 
Eu costumo dizer que a Raquel é um exemplo de garra e determinação. Com certeza, ela desbancou várias previsões contrárias, pois  era muito louca e totalmente elétrica por todos os poros.  Nós nos conhecemos há uns 18 anos. Jamais eu poderia imaginar que ela fosse tão longe, devido a tantas dificuldades que passou pela vida. Porém, se formou em advogada, casou-se e é uma excelente mãe.

A Raquel... Bom, vou encerrar por aqui, porque senão eu irei escrever sobre essa moça até a próxima estação. Queria eu ter metade de sua obstinação. No mais, eu só tenho a agradecer, pois a Raquel Gervazoni me proporcionou uma maravilhosa  tarde de primavera.