Não é da minha ossada dar um tom didático ao que escrevo aqui, mas procuro ser o mais simples e objetivo possível. E também não tenho a mínima pretensão de ser erudito. Eu uso esse espaço apenas para expressar o que eu sinto e, principalmente, não ter nenhum compromisso com a estética textual. Mas de vez em quando é bom fugir um pouco à regra. Já disse aqui que Engenheiros do Hawaii, na minha adolescência, era a minha banda predileta. Para os mais recentes, esse era um grupo musical surgido em meados dos anos 80, cujos componentes eram Humberto Gessinger, no contra-baixo; Augusto Licks, na guitarra; e Carlos Maltz, na bateria. Infelizmente, Carlos e Humberto, tiveram uma briga feia com o Augusto, e o expulsaram do trio. O grupo continuou, mas, no ano de 1996, Carlos também saiu. Entraram outros componentes, porém, definitivamente, sem Carlos e Augusto, não são Engenheiros do Hawaii.
Bom, seguindo o tom didático: Humberto era quem fazia as letras do grupo. Das diversas músicas que ele fez, "Infinita highway", é a que eu mais curto. Essa é uma música do ano de 1987, do Lp "A revolta dos Dandis", segundo trabalho do trio. É uma letra longa, dando realmente uma idéia de auto-estrada. Já ouvi essa música mais de mil vezes, pelas minhas contas. E sempre quando chegava o verso "A minha vida é tão confusa quanto a América Central", eu parava para refletir.
A verdade é que eu nunca fui uma pessoa organizada. É só dar uma olhadela dentro da minha mochila para perceber. Ela é uma verdadeira bagunça. Digamos que ela é um reflexo do que acontece cá dentro de mim. Aliás, tudo ao meu redor é um espelho perfeito. Não consigo dá ordem em nada. Os meus livros, roupas, tudo fica espalhado, sem organização alguma.
Costumo dizer que a bicicleta e a mochila são os bens mais preciosos que eu possuo. Não desgrudo delas de forma alguma. Para onde eu vou, elas me acompanham. Tudo o que eu tenho está dentro da minha mochila. Ela representa meus medos, minha insegurança e os meus afetos. Já pensei em ter uma mochila maior, mas acredito que a bagunça também seria maior, apesar de eu, de verdade mesmo, não ter quase nada dentro dela. Ela, praticamente, apenas carrega livros, agenda, pente, papelada, roupas emboladas, celular, enfim, tudo num caos total. Sempre que preciso encontrar alguma coisa no seu interior, é um martírio sem tamanho. Nessas horas, eu até canto aquela música do Lulu Santos, de tão estressado que fico: "...às vezes, eu me sinto uma mola encolhida..."
Pela bicicleta, eu nutro um carinho todo especial, pois é ela quem me ajuda a fugir do meu desequilíbrio interno e de tanta coisa que não me agrada. Com ela, eu ganho o mundo.
E até coloquei nela, uma grande cesta, só para carregar a minha querida mochila.
E até coloquei nela, uma grande cesta, só para carregar a minha querida mochila.
Nenhum comentário:
Postar um comentário