quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Dia dos mortos


O dia dos mortos amanheceu gelado como de costume. Parece até que é algo combinado. Na maioria das vezes que chega essa data, o tempo fica fechado. Havia impressa na pele da manhã uma cor de chumbo bem pesado. O que mais se via eram pessoas agasalhadas até o pescoço. O vento frio não aliviou nem um segundo sequer. E Campo grande ficou parecendo uma cidade do sul. Nisso eu pensei, quando entrei na farmácia.

Um feriado em plena quarta-feira quebra totalmente o ritmo da semana. Dá a impressão que no dia seguinte não vai ter trabalho. Quem me dera poder emendar. Gostaria de ter mais tempo para não fazer nada. O feriado já está terminando e eu fiquei o dia inteiro trancado no quarto, olhando para tela fria do computador, travando grandes batalhas virtuais, através de torres, peões, bispos. Isso é o mesmo que nada. Então porque eu quero mais tempo para não fazer nada?

É o que eu sempre digo: uma hora na frente do computador passa rápido, e quando se vê, não se fez nada. Não são raras as vezes que eu ligo o PC e fico pensando no que eu vou fazer. Verdadeiramente, são horas mortas.
Para falar a verdade, o que está faltando para mim é ânimo para sair por aí em busca de diversão. Então, acabo não achando diferença em nada do que eu faça. Tudo é um marasmo impregnado dentro de uma rotina sem fim. São dias mortos. Dias mais do que iguais.

Penso que não tem graça em se criar um dia para se lembrar dos mortos.
Esse dia, por exemplo, só serviu para eu celebrar as horas mortas que eu vivo. Inclusive, para dar mais ênfase a essa morbidez, essas palavras foram escritas sem os meus inseparáveis óculos.
Por isso um texto sem tempero. Totalmente seco. E é só.

Nenhum comentário:

Postar um comentário