Pelas as minhas contas, a
primeira vez que me chamaram de “Senhor”, eu tinha 35 anos. Na ocasião, eu
estava comprando um rádio-relógio nas Casas Bahia. E era um tal de “Senhor”
para cá e para lá, que chegou a me enervar. Para mim, a vendedora forçou a
barra, porque, apesar daquela idade, eu aparentava ser bem mais jovem, e ela não
era tão nova assim. Ou seja, era perfeitamente possível me dar um outro tipo de
tratamento. Enfim, aquilo foi só um ensaio do que ainda estava por vir.
Mas, como tudo na vida tem
a sua primeira vez, sábado passado, nas Óticas do povo, a atendente me chamou de
Seu Luis. Fazer o quê? Pular na jugular dela? Tive que ficar quieto. E como ela também me chamou
várias vezes de “Senhor”, quase fiz aquela velha piadinha: "O Senhor está nos
céus." Só não o fiz porque esse tipo de gracinha nunca colou. Sem falar que,
nessas horas, o melhor é silenciar para não piorar a situação. "Vai que ela me
oferece um convite para o baile da geriatria", eu pensei, cá com os meus botões.
O engraçado foi constatar que, há uns 7 anos atrás, essa mesma moça, já havia me atendido. Enquanto estávamos conversando, eu disse que não a tinha reconhecido porque ela estava muito diferente, para logo em seguida, obter a resposta: “Seu Luis, a gente envelhece!”
O engraçado foi constatar que, há uns 7 anos atrás, essa mesma moça, já havia me atendido. Enquanto estávamos conversando, eu disse que não a tinha reconhecido porque ela estava muito diferente, para logo em seguida, obter a resposta: “Seu Luis, a gente envelhece!”
(Por que ela foi tão
direta? Eu não estava preparado para ouvir isso, pois, na minha inocência, o
meu plano era ficar jovem para sempre.)
Mais uma vez, quase fiz
aquela outra velha piadinha: se envelhecer é ficar com a feição bonita assim, que
eu fique velho o mais rápido possível. Essa não tem graça nenhuma. E como vidas passadas me ensinaram a não
pagar “micos” por aí, resolvi não me pronunciar.
Eu não me chateio com esse
tipo de tratamento geriátrico. Para falar a verdade, acho até engraçado. A
situação só começou a ganhar pulso, de verdade mesmo, no ano passado, aos meus
39 anos. E daqui para frente, tudo é uma questão de costume, afinal, faz muito
pouco tempo que eu entrei na terceira idade.
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