Clarice
Freire é uma dessas escritoras que a gente gosta logo de cara. Dona de um
estilo inconfundível, ela sabe usar como ninguém os desenhos para fazer uma
verdadeira dança de traços com os seus versos.
Não
sei ao certo como tomei conhecimento dela. O meu irmão me indicou um livro, Pó
de lua, que é a sua primeira obra, mas acho que já a conhecia de algum programa
de televisão.
Além
de poeta, Clarice está se revelando uma grande cronista. Aqui, tomo a liberdade
de publicar o trecho de um de seus textos, onde ela teve a sensibilidade (inata
dos cronistas) de traduzir o que verdadeiramente representa uma estação de
trem:
Sempre
senti um estranho carinho pelos trens. E pelos trilhos dos trens.
Estranho
porque eles praticamente fazem parte da minha vida através dos filmes. E de
algumas viagens.
A
verdade é que não tenho dúvida de que existe algo raro neste meio de transporte.
Um quê de magia, de sépia.
Sem
falar nos trilhos do trem sem um trem. Estes guardam um ar de espera e perigo.
Uma estação
de trem é como um aeroporto, só que muito mais charmosa, mais calorosa, mais
devagar — como as coisas boas da vida deveriam ser e as duras insistem em se
arrastar — e é nelas onde se pode observar os encontros, desencontros e
reencontros. Todos carregando uma maleta, ou várias.
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