segunda-feira, 1 de abril de 2013

Troca de pele


Neste mês de abril eu estou trocando de pele. Renovação? De forma alguma. 
A verdade é que eu nunca deixei de ser adolescente. Ou seja, mais um ano de vida, nunca acrescentou nada em mim. Principalmente quando a idade é de 40 anos. Assusta, não é? 40 anos! Eu só me assusto quando lembro que a minha mentalidade ainda é daquele menino que ouvia música nos anos 80. Definitivamente, eu estou no corpo errado.

Como eu não estou nem um pouco a fim de ficar dando voltas sobre essas minhas quatro décadas de vida, hoje o texto vai ficar por conta do Leo Jaime. Seria a tal crise que tanto falam? Está bom, eu confesso: estou sem inspiração. Aliás, daqui para frente, a tendência é eu escrever menos nesse espaço digital. Escrever cansa, sabiam? Isso acontece porque extrair palavras de nosso íntimo que denunciam os nossos sentimentos mais desarvorados exige muito de nosso ser.  E como eu mesmo gostaria de ter assinado essa crônica do Leo Jaime, por tamanha identificação minha com cada parágrafo citado nela (principalmente o terceiro),  faz de conta que ela foi escrita por mim.

Quarenta

Esta é a crônica dos meus quarenta anos. Não são quarenta dias, diria o mestre. Citando alguém, logo no início, me eximo de qualquer originalidade: sou a soma dos meus amores e admirações, subtraindo-se incapacidades e imprevistos. Escrevendo, plaino sobre a realidade.

Este é o romance dos meus quarenta anos. Todas as vezes em que disse “eu te amo”, tinha as células trêmulas de certeza. E disse muitas vezes, mas não tantas quanto gostaria. Ou deveria. Não é fácil, nunca foi.

Esta é a tragédia dos meus quarenta anos. Sempre um elemento deslocado na paisagem, sempre um estrangeiro, sempre gauche. Meu orgulho é não ter sido desonesto, nem vil, nem mau. Além do gol que fiz no Maraca, do bloco de carnaval cantando o meu samba e dos 100 mil aplaudindo em um show. Mas, sobretudo, meu tesouro são meus amigos.

Esta é a comédia dos meus quarenta anos. Sou capaz de afirmar verdades definitivas e substituí-las três meses depois, com a cara mais lavada. Em geral, acho tudo o que disse três meses atrás uma sandice. Por conseguinte, e antecipando, o que digo agora deve ser tolo também. Mas é toda a verdade, por enquanto. É o que temos para o momento.

Este é o epílogo de minha juventude. Fazendo um balanço do que deveria ter sido a metade ensolarada de minha vida, percebo que não cheguei ainda aos melhores momentos, ao melhor da festa, e o dias fogem de mim como cavalos selvagens descendo a colina. O que há para se conquistar na vida? O que temos a oferecer? O tempo, amigo, o tempo. Este com que você me presenteia agora, dando-me sua atenção.
Obrigado!


Obs 1: não fiz gol no Maraca, mas me orgulho de ter feito um golaço na quadra de futebol de salão da pracinha que tem perto da minha casa. 

Obs 2: Nessa primeira metade ensolarada da minha vida, só uma coisa me entristece: o beijo de amor que eu não roubei. E olha que eu tive a chance de fazê-lo no vão da parede do corredor que seguia para a sala de aula. Se o delito, na calada da tarde, se concretizasse, certamente a prisão perpétua seria pouco para mim. 


Nenhum comentário:

Postar um comentário