Chove
muito na cidade do Rio de Janeiro. Hoje, definitivamente, a água resolveu
correr sem barreiras. E isso para mim foi ótimo, pois ela me trouxe uma surpresa
inesperada, da qual não vai para o ralo do esquecimento de forma alguma.
Costumo
dizer que a admiração não escolhe alvo. Só não vou revelar para onde ela se
dirigiu nessa manhã chuvosa porque podem ficar horrorizados ou acharem que é
alguma fantasia sexual. Bem, fantasia sexual não é, mas posso dizer que mexe
com a minha libido de uma forma bem interessante.
Acho
melhor eu não ficar fazendo suspense. Dana-se se vão ficar horrorizados.
Afinal, qual o problema de se ver um certo charme onde todos sempre lançam o olhar
da desconfiança e do desprezo?
Então,
sem mais delongas, vamos ao que me aconteceu: como eu já tinha feito tantas
vezes, mais uma vez, eu fiquei admirando a crackudinha. Ela, como tantas outras
vezes, nem me notou.
Não tenho a mínima ideia de qual seja o seu nome, mas posso dizer que a danadinha da magrela é bonitinha. Sem falar
que ela causa frisson, pois eu sei que não sou o único que a segue com os
olhos.
Pelas
as minhas contas, essa ninfetinha sem teto deve ter lá os seus 21 anos. Como eu
não quero dar uma de defensor das causas sociais, prefiro não me ater ao que a
levou a esse estado de completo abandono. O que me importa, nesse momento de
falta de lucidez, é dizer que ela tem a sensualidade bem à flor de sua pele.
Como
eu já disse anteriormente, eu não tenho nenhuma tara selvagem por essa vítima do descaso humano. Portanto, não venham me acusar de parafílico. Enfim, o tesão existe, mas daí a tomar uma atitude tresloucada já é um passo muito grande.
Comumente
eu a vejo no restaurante popular onde almoço todos os dias, mas, de uns tempos
para cá, infelizmente, ela está sumida. Fiquei pensando nisso enquanto me alimentava na minha promoção "Fome Zero" de R$ 1,00. Porém, quando eu menos esperava, para o meu deleite, ela resolveu dar o ar de
sua presença. Olhei-a dos pés à cabeça. E como sempre, muito sujinha e toda
lindinha.
Assim
que terminei a minha refeição, me encaminhei para a porta de saída, mas antes,
para não perder o hábito, dei uma última mirada na qualidade do que é inusitado para nós, os "limpos". E para
minha surpresa, ela não só percebeu como também me mandou um estalo de lábios
que ecoou no recinto todo. Quase enlouqueci! "Isso é que eu chamo de presente
sem embrulho" , pensei, sem ao menos dar um adeusinho.
Saí dali suspirando. E tudo porque o beijo veio de uma pessoa que já foi admirada várias vezes por mim sem sequer desconfiar disso.
Ah, crackudinha, você não sabe como fez o meu dia feliz!
Ah, crackudinha, você não sabe como fez o meu dia feliz!
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