Visual de poeta |
Nas poesias que eu escrevo, volta e meia, eu também faço isso. Por exemplo: uma amiga minha, ao olhar para uma mangueira florida, sem querer, de uma forma bem poética, disse que depois das flores vinham as mangas. E eu, como sempre estou com o radar de prontidão, guardei a frase no meu HD. A poesia ficou assim:
Tempo de manga
Nunca me esquecerei que
depois das flores vêm as mangas.
Tampouco me esquecerei que logo é tempo de manga
na serra.
Portanto, não cerremos
nossas vidas para esse novo tempo: a nossa verdadeira temporada de mangas.
E eu já sinto um perfume de manga-rosa no ar.
E eu já sinto um perfume de manga-rosa no ar.
Sim, daqui a pouco é tempo
de manga.
Tempo de vida e paz, que é
frase e certeza de vento suave nas nossas vidas.
Sobretudo, é tempo líquido e
certo de saborear o delicado sumo da vida na serra da alma da gente.
Mas só depois das flores.
Numa outra ocasião, uma amiga do tempo de escola, escreveu no seu Facebook, a
seguinte frase:
Um até breve para quem fica.
Eu volto, só não sei quando...
Na hora, eu comecei a escrever sem muita pretensão, mas sem eu perceber, a poesia começou a ganhar um formato, e ficou assim:
Um até breve para quem fica.
Eu volto, só não sei quando...
Na hora, eu comecei a escrever sem muita pretensão, mas sem eu perceber, a poesia começou a ganhar um formato, e ficou assim:
Breve (11/04/12)
Um até breve para quem
fica.
Eu volto, só não sei quando...
Eu volto, só não sei quando...
De improviso, eu estou
indo.
Nas malas, só o
suficiente: nada.
E apesar de estar voando
alto, é como se eu estivesse contornando as curvas de um rio cristalino.
Da janela, eu estou
vendo o mais puro do celeste.
“A Terra é azul!!!”, diria
aquele sonhador.
Nesse momento em que a realidade está se confundindo com o sonho, eu gostaria de estar
sobrevoando o meu quintal.
Quem sabe até a praça onde
brinquei com os meus amigos.
Ou até mesmo as ruas que
eu apreciava caminhar sem ter hora para retornar.
Aqui nos céus está
passando um filme na tela da minha mente.
Com o controle-remoto
estou selecionando a cena que mais me apraz.
O que não me agrada, eu
corto com a navalha do esquecimento.
Toda vez que eu me
transporto é assim: eu fecho os meus olhos e vejo o quanto a vida surpreende.
Quem diria que eu iria
para tão longe?
Cadê o Brasil nessa
imensidão lá de fora?!
Agora é real.
Não são as asas da
imaginação que estão me levando.
Agora é concreto.
As asas do mais pesado que
o ar estão me conduzindo para lá de onde se condensam os sonhos.
Eu vou sorrindo por
dentro.
E nas reticências,
deixo um suspense até para mim, pois não sei o que pode acontecer quando a
planta dos meus pés tocar o chão.
O bom é não saber.
Aliás, depois desses três
pontinhos, apenas uma certeza: eu vou voltar.
Inclusive, essa foi a segunda vez que essa amiga foi
vítima desse tipo de "plágio".
Na primeira, por achar que eu não lhe dava muita atenção, ela escreveu uma queixa na última folha do meu caderno: "Deus sabe que eu existo. Isso me basta!" Confesso que naquele momento eu fiquei mudo, a ponto de nunca ter feito nenhum comentário a respeito. Aliás, eu estou mudo até hoje! Ou seja, esse gesto foi como se tivesse despencado uma pedra de mil toneladas dentro do infinito de minha alma.
Bom, o verso principal da poesia eu já tinha. Faltava apenas completá-la. Fato que só aconteceu uns 7 ou 8 anos depois do ocorrido. Explico. Para nós, que temos a palavra como matéria-prima, nunca é tarde para dar asas à imaginação. Digamos que eu guardo versos até o momento de ele ganhar maturidade. Quando isso acontece, é porque está mais do que na hora do parto. Eis a poesia:
Ilusão de ótica
Na primeira, por achar que eu não lhe dava muita atenção, ela escreveu uma queixa na última folha do meu caderno: "Deus sabe que eu existo. Isso me basta!" Confesso que naquele momento eu fiquei mudo, a ponto de nunca ter feito nenhum comentário a respeito. Aliás, eu estou mudo até hoje! Ou seja, esse gesto foi como se tivesse despencado uma pedra de mil toneladas dentro do infinito de minha alma.
Bom, o verso principal da poesia eu já tinha. Faltava apenas completá-la. Fato que só aconteceu uns 7 ou 8 anos depois do ocorrido. Explico. Para nós, que temos a palavra como matéria-prima, nunca é tarde para dar asas à imaginação. Digamos que eu guardo versos até o momento de ele ganhar maturidade. Quando isso acontece, é porque está mais do que na hora do parto. Eis a poesia:
Ilusão de ótica
Na última folha do velho caderno, o verso insólito:
“Deus sabe que eu existo. Isso me basta!”
Saiba que eu sei muito bem da sua existência, pois
tudo
na sua atmosfera é convincente:
a cor, a temperatura, a anatomia.
E em você, eu vejo alguém muito ímpar ao final de
algum silêncio.
Mas é claro que não pode ser uma ilusão da minha
ótica!
Até nas minhas alucinações, devaneios, ou
seja lá o que for, eu sinto a sua presença pulsando.
Você não pode ser uma miragem no meio
do deserto.
Eu sinto isso no ar!!!
Você não pode ser uma utopia.
Eu sinto isso no mar!!!
Você não pode ser uma vertigem.
Eu sinto isso no chão de argila que piso.
Em outras palavras, você é tão real quanto uma estrela
no clarão do Brasil profundo.
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