sábado, 25 de junho de 2011

Lubrificação geral




Outro dia, mandei fazer uma lubrificação geral na minha bicicleta. Achei esse nome muito bonito: lubrificação geral. Faz remeter a uma idéia de limpeza interna. Estamos sujos. Precisamos de óleo diesel na alma e no corpo. Essa foi a conclusão que me veio na hora.

A verdade é que estamos enferrujados com a nossa própria insensatez. Cada vez mais a pilha dos direitos está pesando mais que a dos deveres.

 Deveríamos de tempos em tempos, recondicionar a máquina a cada segundo nesse mundo de meu Deus, para não definharmos no meio da jornada.

Outra medida importante seria recalibrar os sentidos vez por outra, pois estamos cheios de um vazio corrosivo, que vai minando a percepção de sermos retos ou tortos diante dos valores da vida.
Em outras palavras, precisamos constantemente de manutenção.
  
Tomada as devidas ponderações, vi  que a bicicleta quase ganhara asas, de tão leve. No caminho, de volta para casa, com aquela leveza, vim pensando na lida. Fluía um céu azul bem acima de mim. Calor intenso e muito chão pela frente. O suor caindo em gotas no asfalto quente me remeteu mais uma vez à idéia de lubrificação.
Agora, já não é o mundo. Agora, sou eu que preciso me recalibrar, me recondicionar, me reabastecer.

A bicicleta com as suas engrenagens representa o meu movimento mais elegante. Se ela pára, eu, literalmente, quebro. Ou seja, ela é a extensão do meu corpo.
Geralmente se ouve: assim quebra a firma. Pois, eu tomei a liberdade de modificar essa expressão para: assim quebra a bicicleta. Ficou bem mais irreverente, acho.

Dizem os entendidos, que a bicicleta facilita a atividade aeróbica. “Aeróbica”, outra palavra que sempre esqueço. Toda vez faço força para lembrá-la. Agora, mesmo, foi um esforço muito grande para puxá-la da memória. E para falar a verdade, nem sei se  realmente é essa palavra que queria dizer. De qualquer forma, ela também é muito bonita.

Ando muito de bicicleta.  Se contar as pedaladas, já devo ter dado a volta no mundo.
E entre subidas e descidas, vi que a minha mente foi feita para esquecer todas as pedras do caminho.







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