Durante um bom tempo, ouvir a música “Timidez”, do grupo Biquíni Cavadão, para mim, era um martírio. A vontade que eu tinha era de enforcar o sujeito que fez a letra da canção. Cada vez que eu ouvia o verso “na verdade nada esconde essa minha timidez”, dependendo do lugar que eu estivesse, o desejo era de, como um avestruz, enterrar a cabeça no chão. A coisa era tão complexa que eu chegava a ficar com um nó no estômago. Não podia entender como alguém conseguia ser tão exato na sua maneira de se expressar. Se tivesse sido eu o autor da letra, seria exatamente aquilo ali, sem tirar nem por.
Eu fui um adolescente muito tímido, por isso que os versos dessa canção caiam em mim feito uma verdadeira carapuça. Cada palavra dessa canção era um reflexo perfeito de cada atitude minha. Impressionante como pesava dentro de mim o verso “falo pouco, pois não sou de dar indiretas”.
Hoje em dia, continuo sendo uma pessoa tímida, mas ouço essa música com uma outra idéia. De fato, ela é um verdadeiro clássico dos anos 80.
Lembro que, numa festa americana que eu fui, me deram um “correio do amor” com o primeiro verso de “Timidez”: "toda vez que te olho, crio um romance". Para variar, na festa, eu estava encostado na parede, como todos os tímidos fazem. Entrei mudo e saí calado. E por culpa da bendita timidez, não falei com a garota.
Apesar de ser uma garota bonita, eu não tinha interesse nela, estava de olho em outra, mas...
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