Será?

Não sou uma pessoa nada social. Detesto ficar no meio de muita gente. A psicologia me define como um esquizóide. Acho o nome estranho e feio, mas é essa definição. Esquizóide é aquela pessoa solitária na qual a presença do outro incomoda. Eu sou assim.

 
Outro dia fui num churrasco de amigos do trabalho. Lá pelas tantas, fui caindo num marasmo sem igual. De sorte que, na reunião de "comes e bebes", havia uma criança. Fiquei brincando com ela. Até que um daqueles disse: "Ele leva jeito com crianças." Não é bem assim. É apenas um meio que eu invento para escapar da situação. Humberto Gessinger usa esse artifício, e eu concordo plenamente. 

Não que eu não goste de gente. Muitas vezes, o tipo de assunto que essas pessoas conversam é que me afasta. Também detesto ficar parado, sem fazer nada. Para não cair dentro de um marasmo, tenho muita necessidade de conversar  fazendo algo: jogar, ouvir música, interagir com alguém, coisas desse tipo.
 
Já me acostumei com a solidão. Ela me faz bem em alguns momentos. De uns tempos para cá, descobri que sou viciado em paz. Antes pensava que, pelo fato de eu andar por aí sem destino, era um sinônimo de fuga, mas não. Era apenas uma busca incessante pela paz.
 
Tenho ficado em casa sozinho nos Domingos. E isso tem-me feito muito bem. Mas eu espero que a solidão a dois apareça para mim o mais rápido possível. Será que um dia eu vou ter alguém? Será que um dia eu vou conseguir me aproximar de alguém para conversar? Existem dias que eu não troco palavras com ser humano algum.
 
Até já tive ótimos momentos ao lado de pessoas, mas os meus melhores momentos mesmo, eu estava sózinho.
Será que alguém entende?